Competências como compreender e usar expressões faciais, seguir regras de conversação e ajustar os comportamentos comunicativos conforme necessário, são competências pragmáticas da linguagem que vão influenciar a participação em qualquer interação social com os pares ou com os adultos, nos diferentes contextos.
As competências pragmáticas a desenvolver entre os 4 e os 8 anos centram-se no uso de funções comunicativas mais diversificadas e complexas, no aumento dos turnos de conversação, na capacidade de adaptação ao ouvinte e ao contexto, no uso correto de deíticos, no uso de narrativas mais longas e com mais pormenor. Numa fase mais tardia, no uso e compreensão da linguagem figurada e na atenção dada às expressões faciais e às características prosódicas do discurso (Almeida & Rocha, 2009; ASHA 2021; Cummings, 2009; Dewart & Summers, 1995).
As alterações na pragmática constituem um fator de risco não só para a participação social, como também para dificuldades emocionais e comportamentais e para o sucesso escolar, uma vez que muitas crianças com alterações pragmáticas acabam por ter dificuldades nas relações sociais, correndo o risco de serem mal interpretados e até sofrerem de bullying (Cummings, 2017; C. Norbury et al., 2016). Estas alterações, geralmente, podem persistem até à idade adulta (Cummings, 2017).
A EAC pode ser preenchida pelos pais/cuidadores da criança e, se possível, complementado pelo educador/professor que acompanha o seu desenvolvimento. A interpretação dos resultados deve ser realizada por um profissional capaz de identificar dificuldades/ alterações nas principais etapas do desenvolvimento da pragmática, tento em conta a norma (terapeutas da fala, psicólogos e/ou pediatras).
O diagnóstico precoce em crianças com alterações na competência pragmática da linguagem é fundamental para que se possa iniciar uma intervenção terapêutica adequada (Shipley & McAfee, 2016). A EAC é um instrumento que avalia a pragmática de forma pormenorizada e que ajuda a detetar alterações de pragmática em crianças a partir 4 anos, ou seja, numa idade anterior à entrada no 1º ciclo do ensino básico.
Sim, a EAC já foi previamente usada como medida de resultados da intervenção num estudo sobre a eficácia do Programa de Intervenção em Competências Pragmáticas (PICP) em crianças com Perturbação do Espetro do Autismo e em crianças com Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem (Pereira, Ramalho, Valente, Sá Couto & Lousada, 2022).